Primeiro foram estudos indicando que os nós muito apertados poderiam aumentar os riscos de glaucoma, uma das principais causas da cegueira irreversível. Agora surgiu uma nova frente: a ambiental/económica.
O "general" que lidera o ataque antigravata chama-se Ban Ki-moon e é coreano. Ocupa o importante posto de secretário-geral das Nações Unidas. No início deste mês lançou a Cool UN ("ONU fresca"). Que, no essencial, consiste no seguinte: uma directiva às pessoas que frequentam a sede da instituição em Nova Iorque neste mês para que adoptem trajes informais.
Objectivo: desacelerar o funcionamento do ar condicionado, aumentando a temperatura dos edifícios em 2 graus. Dizem as Nações Unidas que essa pequena medida, tirar a gravata (e o inevitável casaco) irá fazer poupar cem mil dólares num mês; e a emissão de 300 toneladas de dióxido de carbono, o gás que provoca o famoso buraco no ozono.Por cá, o Governo também tem um Plano de Eficiência Energética. Mas não incluiu, pelo menos por enquanto, tirar gravatas. São em particular pouco conhecidos os seus efeitos nos edifícios governamentais - aqueles de onde será suposto vir o exemplo.
O DN questionou todos os ministérios sobre práticas de eficiência energética nos edifícios do Estado - no final de duas semanas responderam seis. Respostas que deixam uma certeza: o tipo de práticas adoptada, da temperatura nos edifícios ao tipo de lâmpadas utilizada fica mais ao critério do bom senso do que a qualquer guia de boas práticas - que não existe em concreto para os serviços estatais. No início deste ano, o Ministério da Economia lançou o plano Portugal Eficiência 2015, que inclui um programa dedicado em específico ao Estado. Uma das medidas passa pela certificação energética dos edifícios - que até agora abrangeu dois, a Economia e o Ambiente. A sede do ministério de Manuel Pinho, na rua da Horta Seca, em Lisboa, ficou na classe C (a classificação vai e A a G). No que se refere às lâmpadas, a maioria dos ministérios (Economia, Ambiente, Obras Públicas, Defesa, Saúde e Administração interna) refere já usar as florescentes, mais amigas do ambiente. Mas o processo de substituição não está terminado - ainda há lâmpadas incandescentes a iluminar as sedes ministeriais.Uma prática que parece estar consolidada é a da reciclagem do papel: todos dizem praticá-la. As Obras Públicas reciclam, mensalmente, cerca de 500 kg de papel. A Defesa aponta dados do Estado-Maior-General das Forças Armadas: "cerca de 750 kg de papel triturados por mês".
Mas a "medalha" de eficiência energética nos edifícios do Estado vai para a Presidência. Cavaco Silva quis dar o exemplo, chamou um grupo de auditores e eis a conclusão - até agora o Palácio de Belém emitia anualmente 771 toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. Factura anual de energia: 157 mil euros. Este ano, já com novas medidas de eficiência energética, a emissão de CO2 deverá cair para as 553 toneladas.
Fonte: Diário de Notícias (11-08-2008)
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